terça-feira, 1 de março de 2011

Cyndi Lauper Arrebata A Plateia Em Show Realizado no Centro de Convenções


Fonte: Correio Braziliense

Cyndi Lauper continua punk, mas acrescentou à atitude escrachada uma certa dose de emotividade. O olho brilhou e a voz embargou no fim das duas horas de show no domingo à noite, no Centro de Convenções, para um público de 2.500 pessoas. Cyndi cantou a última música, True collors, à capela, durante o bis. Foi o fim de uma apresentação pontuada pela proximidade com o público, por conversinhas, risadas de cumplicidade e descidas do palco, que deixaram os seguranças em prontidão. Inúmeras vezes, a cantora deixou o palco para subir na mureta em frente à primeira fileira de cadeiras. Cantou de mãos dadas com o público e ensaiou um português, assessorada pela percussionista baiana Lan Lan, que acompanha a artista na turnê brasileira. “Eu estudei tanto antes de vir. Mas esqueci”, explicou várias vezes antes de soltar “obrigados” e pequenas frases em português. “Eu nunca fui uma boa aluna. E ando tendo problemas até com o inglês”, brincou. Para o ator Fernando Martins, 28 anos, alguns momentos foram inesperados. Foi na mão dele que Cyndi segurou para subir na mureta e foi a ele que ela ofereceu o microfone para ajudar nos vocais de Crossroads. “O show é ela e o público. Ela é pop, tem um monte de hits e não se vende para as megaproduções”, reparou o ator, que já esteve em vários shows da artista. O repertório incluiu os sucessos dos anos 1980 permeado com canções do disco Memphis blues, gravado em 2010. A percussão brasileira e os novos arranjos para Girls just want to have fun e The goonies “R” good enough impediram o contraste gritante com a batida de blues como Just your fool e Early in the morning. O blues, aliás, é a fonte na qual a cantora foi beber para pequenos gestos ritualísticos irmãos do candomblé brasileiro. Quando sobe ao palco, Cyndi, 57 anos, batiza com água a percussão e a bateria. “É para liberar os espíritos porque ela diz que o ritmo é tudo e ele não pode morrer. Ela gravou o disco de blues em Memphis e o blues tem influências africanas. Então ela faz o ritual dela”, explicou Lan Lan. No palco, quando os tambores da percussionista são acionados, Cyndi treme e dança igual a uma pombagira. A simpatia da cantora só confirmou a impressão da dona de casa Marlene Martins, 66. “Sou apaixonada pela Cyndi desde a época do vinil. Agora fiquei mais encantada porque ela é simples, vem até a plateia. Beijei a mão dela”, contou Marlene, que acompanha com interesse a temporada de shows internacionais em Brasília e quer ver Seal, Shakira e Iron Maiden. O policial Marco Nassif, 47 anos, aproveitou a proximidade da artista para apresentar um pedido de casamento impresso em folha de papel. Cyndi olhou com desconfiança, mas Nassif ganhou autógrafo na capa de um vinil e palheta de guitarra ao fim do show. “Eu já esperava chegar tão perto”, confessou o policial.

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